TRINTA ANOS SEM RICHARD RODGERS (28/06/1902-30/12/1979)
No romance The catcher in the rye (O apanhador no campo de centeio, de Jerome David Salinger, 1951), o personagem principal – Holden Caufield – se irrita com a mania de seu amigo Stradlater de tentar assoviar melodias difíceis enquanto se barbeia, entre elas Slaughter on Tenth Avenue (Assassinato na 10ª Avenida) e, por ser péssimo assoviador, estragar a beleza delas.
Slaughter on Tenth Avenue é um dos poucos temas rigorosamente instrumentais de Richard Rodgers. Foi composto para o musical da Broadway On your toes, de 1936, para o número em que um dançarino se apaixona por uma garota de um salão de danças que tem um namorado ciumento e violento. Esse número está encenado com os habituais requintes de produção da Metro-Goldwyn-Mayer no filme Words and music (Minha vida é uma canção), de 1948, cinebiografia de Rodgers e seu parceiro Lorenz Hart (1895-1943). Apesar de fracote, o filme enfileira excelentes registros de canções da dupla por grandes artistas da época. Em Slaughter on Tenth Avenue Gene Kelly e Vera Ellen fazem com muita competência o par de amantes do tal boteco, com coreografia assinada pelo próprio Kelly.
Ao ter seu tema citado nesse romance – um dos mais importantes em língua inglesa no século XX –, Richard Rodgers já era um compositor de êxito extraordinário e comemorava mais um enorme sucesso, The king and I (O rei e eu) com outro parceiro, Oscar Hammerstein II (1895-1960). A exemplo de outras criações de Rodgers com Hart ou Hammerstein II, The king and I faria sucesso no mundo todo em adaptação para o cinema.
FORMA E CONTEÚDO PARA UM NOVO GÊNERO
Até mesmo quem não faz a menor idéia de quem seja Richard Rodgers já ouviu alguma canção composta por ele. Mas a importância desse autor para a música americana não se mede apenas pela quantidade e qualidade de sua produção como também por alguns aspectos históricos e técnicos. Como o próprio Rodgers reconhece em sua autobiografia Musical stages, Jerome Kern (1885-1945) inventou o que se tornaria conhecido como “o musical americano” ao iniciar o processo que dissociaria esse tipo de espetáculo da opereta européia. Mas seria Rodgers quem de fato daria a esse gênero coerência entre forma e conteúdo.
Richard Rodgers introduziu acordes e harmonias pouco usuais na música de cena então conhecida. Ao mesmo tempo, como assinala o musicólogo inglês Donald Clarke, ele inverteu a estrutura habitual do gênero, ao adotar a forma de abertura (verse) de 32 compassos e estruturar a melodia recorrente (refrain) em 16 compassos, o que acentua a força dramática de cada canção. Uma excelente prova de que Rodgers era, como ele mesmo se definiu, acima de tudo “um compositor de teatro”.
Com seu primeiro parceiro Lorenz Hart ele utilizou esses e outros aspectos para consolidar a direção dada por Jerome Kern ao musical. O trabalho de Rodgers com outro parceiro, Oscar Hammerstein II, inaugurou uma nova etapa: graças às habilidades de Hammerstein como libretista, as canções passaram a ser parte integrante da trama da peça e a dar continuidade à ação em vez de, como antes, distanciar a audiência dessa trama. E a “identidade” do musical tipicamente americano se afirmou de modo definitivo, com a incorporação aos enredos das peças de temas relacionados à história, costumes e tradições dos Estados Unidos.
Com musicais como os de Rodgers, os Estados Unidos ofereceram ao mundo um produto de uma cultura genuinamente americana, que já não precisava buscar inspiração em modelos culturais estrangeiros, principalmente europeus. Era uma nova idéia da América que começara a florescer nos palcos da Broadway e depois se estenderia ao mundo todo com a divulgação desses espetáculos pelo cinema.
NAS PEGADAS DO MESTRE...
Richard Charles Rodgers nasceu em Nova York em 28 de Junho de 1902. Seu pai era médico, e a mãe, pianista. Com ela o pequeno Dick aprendeu as primeiras noções de música. Aos 7 anos ele foi pela primeira vez a uma matinê assistir a uma encenação de O flautista de Hamelin (The pied piper). Ficou maravilhado ao ver interpretadas por cantores e uma orquestra de verdade canções como as que ouvia sua mãe tocar e cantar em casa. Foi “o primeiro gole profundo do copioso vinho conhecido como teatro”.
A embriaguez total veio com outro espetáculo, Little Nemo, de Victor Herbert, que o pequeno Dick foi ver numa matinê de sábado no Teatro New Amsterdam, em sua primeira ida de fato a uma casa de espetáculos da Broadway.
Aos 14 anos Dick Rodgers escreveu sua primeira canção, Camp Fire days, e foi pela primeira vez a um musical de Jerome Kern, Very good Eddie. Ele ouviu então o que chamou de “a primeira música para teatro realmente americana”. Depois disso, ir a qualquer lugar ver um musical de Kern muitas e muitas vezes tornou-se, ao mesmo tempo, uma rotina e uma “universidade” para Rodgers. Ele sabia que estava assistindo ao início de uma nova forma de teatro musical no país – e queria de qualquer jeito tomar parte nisso.
Em 1917 Dick escreveu sua primeira partitura completa para um musical, One minute, please. Logo depois ele se atreveu a uma segunda tentativa, desta vez com letras de um amigo da família – e de outro letrista iniciante, Oscar Hammerstein II. Era uma produção amadora, para uma única apresentação, mas tinha o patrocínio de uma sociedade beneficente. Foi encenada no salão de baile principal do velho Hotel Waldorf Astoria, na esquina da rua 34 com a Quinta Avenida.
RODGERS & HART - “OPEN FOR BUSINESS”
A vida de Rodgers começou a mudar em 1918, quando ele conheceu Lorenz Hart, que tinha alguma experiência em escrever para teatro e estava à procura de um melodista. Como Dick, Hart achava da maior importância estabelecer uma sólida parceria para ter sucesso na comédia musical. Rodgers estava com 16 anos, e Hart, com 23. Larry – como Dick passou a chamá-lo – como ele achava “infantis” as letras que na época se escreviam para o palco; dizia que os autores de canções compunham apenas “lixo” e não confiavam no público porque seu próprio nível de inteligência não era lá grande coisa.
No início do segundo semestre de 1919 os dois já podiam apresentar, nas palavras de Dick, “algumas canções de que não tinham por que se envergonhar”. O mesmo amigo que o apresentara a Hart arrumou uma audição com Lew Fields (1867-1941), cômico e produtor famoso. O veterano ator gostou do que ouviu, comprou a canção Any old place with you e a inseriu em seu musical A lonely Romeo; com ela, em 27 de agosto de 1919, Rodgers e Hart estrearam oficialmente como compositores de teatro musical. Fields e sua família ajudaram os dois em seus próximos projetos: uma de suas filhas – Dorothy (1905-1974), que se tornaria famosa como libretista e letrista de canções como On the sunny side of the street e I’m in the mood for love – até atuou em You’d be surprised em 1920. Seu pai deu palpites na produção, e seu irmão Herbert (1897-1958) ajudou nas letras. Ainda em 1920, Rodgers e Hart estrearam Fly with me, escolhido para espetáculo do ano da Universidade Colúmbia.
A partir de então Rodgers não parou de escrever musicais com Hart. Mas nos cinco anos seguintes tudo o que produziram foi rejeitado pelas editoras de música – e sem isso eles não podiam se estabelecer profissionalmente. Estavam a ponto de desistir quando, em 1925, foram contratados para compor canções para um espetáculo beneficente, The Garrick gaieties. Programado para uma só apresentação, o show ficou 18 meses em cartaz. Um dos motivos do êxito desse espetáculo foi uma canção que de cara virou um clássico: Manhattan.
Com Manhattan, Rodgers e Hart conheceram finalmente o sucesso. A nova versão de The Garrick gaieties, de 1926, produziu outro clássico: Mountain greenery. E o musical A Connecticut Yankee, de 1927, apresentaria em sua nova versão, em 1943, uma das canções mais mordazes e divertidas que alguém já compôs em qualquer língua sobre o casamento, To keep my love alive.
(Essas e outras maravilhas de Rodgers e Hart estão em dois CDs de Ella Fitzgerald para o selo Verve, o mais famoso da história do jazz, Ella Fitzgerald sings the Rodgers & Hart songbook. Para descarregar clique em
http://www.rapidshareindex.com/Ella-Fitzgerald-The-Rogers-And-Hart-Songbook-Volumes-1-2-1956-Verve-Digitally-Remastered-By-Dennis-Drake-_377677.html
– esse link oferece também as capas dos CDs.)
“CALIFORNIA, HERE I COME”
Enquanto a dupla estourava nos palcos nova-iorquinos, o cinema ganhava som, e os estúdios contratavam com propostas irresistíveis – em termos de dinheiro – quem quer que fosse capaz de produzir boas canções para filmes musicais. Assim, em 1931 Rodgers e Hart, como tantos outros grandes da Broadway, deixaram-se seduzir pelo ouro de Hollywood e se mudaram para lá. As obras-primas continuaram: em Ama-me esta noite (Love me tonight, de 1932, de Rouben Mamoulian), eles apresentaram Isn’t it romantic?, reaproveitada em 1954 em Sabrina, de Billy Wilder. A canção voltaria em 1974 no sombrio e excelente O dia do gafanhoto (The day of the locust), de John Schlesinger.
Para o filme Venturoso vagabundo (Hallelujah, I’m a bum), de 1933, com o cantor Al Jolson, Rodgers & Hart compuseram uma de suas canções mais bem-elaboradas e injustamente esquecidas: You are too beautiful. Frank Sinatra gravou-a nos anos 40 com pouco êxito, e em 1963 ela voltou – de novo apenas com repercussão entre um público mais sofisticado – na voz de um cantor que também seria injustamente esquecido. Mas o intérprete e a gravação ressuscitaram no filme de Clint Eastwood As pontes de Madison (The bridges of Madison County), de 1995. O cantor era Johnny Hartman, e quem o acompanhava era ninguém menos que o lendário saxofonista John Coltrane e seu quarteto. O álbum dos dois que contém You are too beautiful está em
http://www.filestube.com/c1e5b4d89ed4b38503e9,g/jocjoh-mfsl-1963.html
A “RECEITA INFALÍVEL” PARA O SUCESSO
Apesar de terem composto algumas obras-primas nesse período, Rodgers e Hart não se deram bem em Hollywod. Ambos estavam acostumados a interferir mais diretamente na produção de cada peça na Broadway e se ressentiam ao ver suas criações retalhadas ou excluídas dos filmes sem critério nenhum e sem nenhuma consulta a seus autores. Porém, houve um caso em que a insistência de um dos “operadores” da máquina hollywoodiana teve resultados surpreendentes – acima de tudo, para os próprios Rodgers e Hart.
Em 1933 a dupla recebeu encomenda de uma canção para um musical da MGM chamado Hollywood party. A atriz Jean Harlow deveria cantarolar a melodia como se fosse uma oração, pedindo a Deus que fizesse dela uma grande estrela do cinema. Rodgers & Hart compuseram então, Prayer, ou Prece, Oração. A canção não foi usada, e a cena em que Harlow deveria cantar alguma coisa sequer foi filmada.
Tempos depois, a dupla recebeu outra encomenda para a canção-título de Vencido pela lei (Manhattan melodrama, 1934), que não era um musical, com Clark Gable, Myrna Loy e William Powell. Rodgers resolveu ressuscitar a melodia desprezada – que ganhou nova letra e o nome It’s just that kind of play, mas os produtores não gostaram e desistiram de usar canção-título no filme. No entanto, solicitaram outra canção para uma cena num clube noturno. Prayer/It’s just that kind of play ganhou então nova letra de Hart e se transformou em The bad in every man. Desta vez a canção até foi usada na trilha sonora do filme, em interpretação de Shirley Ross, e teve sua partitura devidamente publicada, mas ninguém prestou muita atenção; os autores decidiram esquecê-la.
O diretor da editora de música do estúdio, Jack Robbins, não concordou; persuadiu os dois a remodelar o tema e prometeu fazer da nova versão um sucesso. Sem muita fé, e depois de muita insistência por parte de Robbins, Rodgers compôs uma introdução e fez alguns ajustes na música. O igualmente relutante Hart escreveu a quarta letra, com uma abordagem bem mais romântica, como Robbins havia sugerido – e a história de fracasso parecia que ia se repetir. Porém, Jack Robbins convenceu os produtores do programa de rádio Hollywood Hotel a comprar os direitos da canção para usá-la como tema; e em 15/01/1935 ele produziu uma gravação da canção com Connee Boswell (1907-1976, reconhecida por Ella Fitzgerald como uma de suas maiores inspiradoras). E assim se iniciou uma carreira surpreendentemente vitoriosa para a até então menosprezada composição.
Quando alguém lhe perguntava se descobrira o segredo da “receita infalível para o sucesso”, Rodgers contava essa história. E comentava que a tal canção, que em sua última forma se fixou como Blue Moon, tornou-se um dos maiores e mais duradouros êxitos de sua parceria com Hart. Nunca a canção fôra gravada com sua requintada introdução até 1973 (quase 40 anos depois de composta!), quando Tony Bennett o fez para o álbum duplo The Rodgers & Hart songbook. Bennett, ativíssimo apesar de seus mais de 83 anos, não se cansa de dizer que esse é um dos trabalhos de que mais se orgulha. Conheça-o em
http://www.filestube.com/fe16558baa44d13103e9,g/Tony-Bennett-The-Rodgers-And-Hart-Songbook.html
ANÚNCIO PRA NINGUÉM COMPRAR GRAVAÇÃO DE BLUE MOON
O compositor comentava com ironia que prayer foi a única palavra-chave que se manteve em todas as letras feitas por Hart para a melodia. Apesar de seu sentido (“oração”), Rodgers dizia que esse simples apelo às forças divinas não explicava o tremendo e absolutamente inesperado sucesso de Blue Moon.
Mas a canção ainda seria motivo de aborrecimento (artístico, pelo menos) para Rodgers. Em 1961, o conjunto vocal The Marcels gravou às pressas Blue Moon para completar as quatro canções de um EP (Extended Play, o irmão do meio do LP). Para não perder o costume, Rodgers ficou furioso, agora por causa da alteração do ritmo e do andamento; e, ainda, do arranjo mais puxado para rock’n’roll, inclusive com uma introdução feita com scat singing (canto sem palavras) que nada tinha a ver com a linha melódica e imitava um artifício já usado pelos mesmos The Marcels em gravação feita pouco tempo antes. Rodgers ameaçou processar os perpetradores de tal crime e chegou a publicar anúncios em jornais para que ninguém comprasse o nefando disco. Nada disso impediu o estouro planetário da gravação – que teima em ressuscitar periodicamente há décadas, em trilhas sonoras de filmes, séries e novelas de TV. Rodgers mal pôde conter a raiva, mas não consta que tenha ficado infeliz com a montanha de dinheiro que certamente ganhou com essa gravação de Blue Moon. (Nem seus herdeiros, claro...)
“BROADWAY, WE’RE BACK IN BUSINESS!”
Em sua fase hollywoodiana Rodgers & Hart inadvertidamente se especializaram em criar obra-primas para filmes medíocres. Outro exemplo é It’s easy to remember, de uma produção bem chinfrim, Mississipi, de 1935, com Bing Crosby (que interpretava a canção no filme). Billie Holiday e outros grandes intérpretes ajudaram a imortalizá-la. O belo registro de Billie está em seu penúltimo álbum, Lady in satin (1958):
http://nobrasil.org/0016-billie-holiday-lady-in-satin/
Mas era inevitável que, em face da desorganização dos estúdios e da insensibilidade dos produtores, Rodgers e Hart se cansassem de Hollywood. No fim do contrato que tinham assinado, os dois voltaram em 1935 à Broadway, loucos para se restabelecerem como autores de teatro – e mostraram a que tinham vindo, pois produziram um número incrível de sucessos nos anos seguintes. Um deles foi Babes in arms, de 1937, que por ironia seria filmado 2 anos depois com Judy Garland e Mickey Rooney e iria muito bem nas bilheterias. Para esse musical Rodgers e Hart compuseram a indestrutível The lady is a tramp, que se tornaria praticamente propriedade particular de Frank Sinatra, apesar de gravada por muita gente, e reapareceria em outras peças de teatro e filmes. Vale a pena ver Sinatra cantando The lady is a tramp para Rita Hayworth em trecho do filme Pal Joey (Meus dois carinhos, 1957) em
http://www.youtube.com/watch?v=cmMyFCXIp0Q
Pra variar, Rodgers ficou furioso também com esse filme. Na Hollywood dos anos 50, o cafetão e supercafajeste Joey da peça original (de 1940) virou um tipo até agradável e bonzinho. Tudo por obra e graça do procedimento habitual (imposto pela censura oficial e pela autocensura dos estúdios) de edulcorar originais cheios de ambigüidades a fim de não chocar a puritana América – e o compositor nada pôde fazer. Isso porque ele e Hart haviam vendido os direitos à Columbia Pictures no início dos anos 40 sem colocar nenhuma cláusula de controle quanto à adaptação do material. Na época, o compositor ainda não sabia como escapar dessas malandragens. Mais tarde, porém, sob orientação de Oscar Hammerstein II, ele tomaria as devidas providências para não cair nessa de novo.
Mais uma vez, apesar do ódio de Rodgers e de críticas desfavoráveis, o filme fez muito sucesso. E tem bom nível, pois o diretor George Sidney era do ramo. Além disso, as canções, mesmo tendo sido retiradas de outras peças e “sanitizadas” para ajudar a compor a edificante história na tela, são, como sempre, da mais alta qualidade – e os arranjos do competentíssimo Nelson Riddle são uma atração à parte. Confira em
http://rs667.rapidshare.com/files/291362700/Pal_Joey__Richard_Rodgers___1957__Soundtrack.rar
A fúria de Rodgers com o filme, porém, não foi à toa. A encenação original de Pal Joey tinha causado enorme furor na Broadway ao estrear em pleno dia de Natal de 1940. Baseada no romance homônimo de John O’Hara, a peça não tinha nada do mundinho de sonhos habitual do gênero. Personagens dissimulados e manipuladores se revelavam em toda a sua surpreendente ambigüidade – e até mau-caratismo – em canções cheias de malícia e segundas, terceiras, quartas intenções.
Mas é claro que nem só de maldade vive o homem, ou melhor, o criador de peças musicais. Rodgers e Hart sabiam exprimir também melancolia com muita beleza, como em Spring is here, de I married an angel, de 1938. Essa canção ganhou belíssima interpretação de Carly Simon no superlativo álbum Torch, de 1981, que pode ser descarregado em
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NOVA PARCERIA – E MUITO MAIS SUCESSO
Apesar de tanto êxito na volta à Broadway, Larry Hart não parava de beber, e seu organismo, submetido durante décadas a um impiedoso massacre de álcool, charutos e boemia, não agüentou. A parceria chegou ao fim com a morte dele em 1943, aos 48 anos. Oscar Hammerstein II substituiu Hart. O primeiro espetáculo da nova dupla, Oklahoma!, em 1943 mesmo, marcou a fusão da comédia musical a que Rodgers estava habituado com as características da opereta dominadas por Hammerstein. Seguiram-se Carousel (Carrossel, 1945), Allegro (1947), South Pacific (Ao sul do Pacífico, 1949), The king and I (O rei e eu, 1951), Me and Juliet (1953), Pipe dream (1955), Flower drum song (Flor de lótus, 1958) e The sound of music (A noviça rebelde, 1959).
Com o novo parceiro Rodgers deu mais sorte no cinema. Multidões no mundo inteiro se familiarizaram com canções como Oh what a beautiful mornin’, de Oklahoma!; If I loved you, de Carrossel; Shall we dance?, de O rei e eu; e My favorite things, de A noviça rebelde.
No total, os musicais de Rodgers e Hammerstein conquistaram 34 prêmios Tony, quinze Oscar, dois Pulitzer, dois Grammy e dois Emmy. Em 1998 a revista Time e a CBS News colocaram Rodgers e Hammerstein entre os vinte artistas mais influentes do século XX; e em 1999 a dupla foi homenageada com um selo do Correio americano. Hammerstein tinha estudado Direito e era de uma família ligada ao teatro por várias gerações. Entendia muito bem de administrar toda a engrenagem da fábrica de sonhos americana e formou com Rodgers empresas que passaram a controlar todo o acervo artístico do compositor, tanto da época com Hart quanto da parceria com o próprio Hammerstein.
Por tudo isso e pela grande amizade entre ambos, Rodgers sentiu bastante a morte de Hammerstein em 1960: ele confessou em sua autobiografia que ficou perdido e se viu obrigado a procurar novo parceiro, mas sem o sucesso das vezes anteriores. De início Rodgers compôs para a Broadway sozinho: No strings (1962, premiada com dois Tony por música e letras); e depois com outros parceiros: Do I hear a waltz? (1965, com Stephen Sondheim); Two by two (1970, com Martin Charnin); Rex (1976, com Sheldon Harnick); e I remember Mama (1979, com Martin Charnin e Raymond Jessel).
Sozinho Rodgers compôs também as canções de uma adaptação para a TV da peça de Bernard Shaw (1856-1950) Ândrocles e o leão (1967). Seu balé Ghost town estreou em 1939. Compôs duas partituras para documentários de TV: Victory at sea (1952), premiado com um Emmy, um Disco de Ouro e uma comenda da Marinha americana; e The valiant years (1960). O já mencionado Assassinato na 10ª Avenida (Slaughter on Tenth Avenue), do musical On your toes (1936), ganhou vida própria e é apresentado regularmente como número de dança ou em versão orquestral.
Richard Rodgers morreu em casa, em Nova York, em 30 de dezembro de 1979, aos 77 anos. Em 1990 o tradicional Teatro da Rua 46 passou a se chamar Teatro Richard Rodgers. Ele abriga a Galeria Richard Rodgers, com coleções de documentos e objetos relativos a sua vida e obra. Os musicais que ele criou em mais de 60 anos de carreira são constantemente reencenados em vários países e se mantêm entre os melhores exemplos da criatividade alcançada pela indústria americana do entretenimento no século XX.
domingo, 3 de janeiro de 2010
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